terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Comunidade de Leitores 2016 - 1ª Sessão

Numa noite fria e chuvosa demos inicio à 1ª sessão desta edição dedicada à literatura policial.

Começamos com literatura policial nórdica com o livro “ O guardião das causas perdidas” do dinamarquês Jussi Adler-Olsen.

Foi apresentada uma leitura encenada da obra num ambiente escuro e tenebroso que pôs o nosso coração a bater mais depressa, criando o ambiente ideal para a conversa que se deu de forma agradável, apesar do tema.

 A dura privação da vítima Merette Lyngaard, a relação dinâmica do detetive Carl Morck e do seu assistente sírio Assad proporcionaram-nos momentos deliciosos, irónicos e sarcásticos como os nórdicos sabem muito bem ser.

Durante muito tempo tínhamos dos países nórdicos a ideia de uma espécie de subcontinente cheio de felicidade, lagos, neve, liberdade sexual, bem estas social e um crescimento económico contínuo, mas constatamos que estes ditos paraísos tinham produzido monstros, vítimas e horrores, tudo escondido sob aquele manto de neve e de felicidade em que só a neve era real.

Ao contrário da “inocência” dos romances policiais clássicos, alguns dos autores nórdicos assumiram compromissos políticos que põem a nu corrupção e a ganância das empresas, o atropelo aos cidadãos pelo Estado e pelos grandes interesses.







sábado, 24 de dezembro de 2016

Comunidade de Leitores das Bibliotecas Municipais de Loures

Com a abertura de uma nova Biblioteca Municipal no concelho de Loures, na sua zona oriental, em Sacavém – a Biblioteca Municipal Ary dos Santos – inaugurada a 4 de junho de 2016 originou uma pausa nas reuniões desta Comunidade de Leitores. Foi por uma boa razão porque todos ganhámos com a abertura de mais uma Biblioteca Pública ao serviço da população.

Não estivemos propriamente parados porque entretanto alguns de nós participámos no 1º Encontro de Comunidades de Leitores de Bibliotecas Públicas, que decorreu no concelho da Maia, como aliás já noticiámos aqui. Experiência bastante gratificante.

Voltámos agora com uma nova designação - Comunidade de Leitores das Bibliotecas Municipais de Loures (Biblioteca Municipal José Saramago e Biblioteca Municipal Ary dos Santos). No dia 15 de dezembro iniciámos mais uma edição, desta vez, dedicada à literatura policial “Detetives à noite”. Teremos assim que  desvendar  crimes durante as quatro sessões programadas. Teremos ainda o prazer de estar à conversa com o escritor Richard Zimler e ficarmos a saber tudo sobre quem é a sentinela do seu livro “A Sentinela”, isto no dia 11 de fevereiro.

Desejamos a todos Boas Festas e muitas leituras e que nos reencontremos dia 12 de janeiro, pelas 21H00, na Mercearia Santana, em Sacavém para desvendar mais um crime, desta vez guiados pela mão de Edgar Allan Poe, designado como o “pai” deste género literário, o que só por si é um bom indicador de qualidade.


Boas Festas e Boas Leituras!

O Natal dos Poetas

Numa noite em que nasciam
crianças aos milhares
e outras morriam sem assistência médica
e outras morriam brincando com bombas
e outras morriam esmagadas
por fugitivos automóveis;
numa noite de Inverno,
numa noite de névoa
sobre os barcos sem equipagem junto ao rio;
numa noite de ruas desertas e casas fechadas
aos que andavam perdidos e sozinhos,
três poetas sentaram-se a uma mesa
e decretaram a paz e a alegria

E decretaram a paz
para os que, cabelos soltos nas mãos das noites frias,
viviam na cidade onde agora estavam,
respiravam o mesmo ar
e liam as mesmas notícias dos jornais.
E decretaram a paz
para os que tinham
os olhos riscados pelos dedos do medo.
E decretaram a paz
para os que traziam
a angústia dos dias misturada no sangue.
E decretaram a alegria
para as crianças que estavam nascendo em todo o mundo.
E decretaram a alegria
para as jovens que sentiam os seios despontar.
E decretaram a alegria
para as mulheres que eram mães.
E decretaram a alegria
para todos os seres.

Foi então que Jesus Cristo
nascido há quase mil
novecentos e sessenta anos,
sorriu no céu que cobria a mesa
onde três poetas se tinham sentado
para decretar a paz e a alegria.

[António Rebordão Navarro]
[Porto, 1933]



terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Detectives à noite - Vamos desvendar crimes!






As Bibliotecas Municipais de Loures vão dar início a mais uma série da Comunidade de Leitores, desta vez a decorrer em Sacavém e em Loures.

A primeira sessão é já dia 15 de dezembro, na Biblioteca Municipal Ary dos Santos, em Sacavém. O tema é aliciante: grandes obras da literatura policial.


A participação requer inscrição prévia, para os contactos indicados no cartaz.

sábado, 29 de outubro de 2016

Loures esteve presente no 1º Encontro de Comunidades de Leitores de Bibliotecas Públicas






A nossa Comunidade de Leitores esteve presente neste Encontro Nacional e apresentou uma comunicação escrita com apresentação de PowerPoint. Falámos dos nossos serões literários - dos livros, de nós, das pessoas que já passaram por lá e sobretudo do bem que estes encontros nos fazem. A experiência foi muito interessante porque para além do convívio entre os nossos leitores (de Loures fomos 7), partilhámos as nossas experiências e vivências com  leitores de outras Comunidades de Leitores do País, desde o Alentejo ao Minho. Muito bom.
Fomos muito bem recebidos pela Comunidade de Leitores da Maia que estão de parabéns pela organização deste evento.
Para quem não pode participar neste 1º Encontro, adiantamos em primeira mão, que haverá um segundo Encontro de Comunidades de Leitores.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Do Blog Horas Extraordinárias


Ler em grupo

Maria do Rosário Pedreira


Às vezes fico estupefacta com o facto de duas pessoas jantarem juntas ao meu lado e não trocarem uma palavra durante toda a refeição, mas não pararem de fotografar os pratos e de os divulgar no Facebook para os «amigos» saberem onde e o quê estão a comer. Tenho a sensação de que nunca estivemos tão perto de toda a gente (a Internet ajudou) e tão – apesar disso – sozinhos. Leio, porém, uma notícia em sentido contrário, de que os clubes de leitura e as comunidades de leitores nunca foram tão numerosos em todo o mundo e que só nos Estados Unidos se estima em cinco milhões o número dos que fazem parte de uma ou mais destas «agremiações». Em Portugal elas também são bastante populares – cada vez mais – e algumas contam já com orientadores experimentados e participantes fiéis e têm até temas específicos que são tratados através de obras literárias ao longo de um ano ou de um semestre. Porque será então que as pessoas jantam sozinhas estando acompanhadas, mas gostam de ler em grupo quando a leitura é uma actividade que implica solidão, silêncio, concentração, recato? Pois não sei. Tenho ideia de que muita gente detesta ir ao cinema sozinha por não ter com quem comentar o filme no final; e, se calhar, também sente falta de ter com quem discutir os livros que adorou ler. Será?

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Deite os seus filhos lendo um livro, não vendo televisão



“As crianças  transformam-se em grandes leitores no colo dos seus pais, por isso, não duvide em ser o melhor exemplo, deixe que vejam você mergulhar em um mar de letras para que elas nadem em um mar de sonhos…” Ler mais

quinta-feira, 16 de junho de 2016

terça-feira, 26 de abril de 2016

Mário de Sá-Carneiro (1890–1916) – Biografia


Escritor português, natural de Lisboa. A mãe morreu quando Sá-Carneiro tinha apenas dois anos e, em 1894, o pai iniciou uma vida de viagens, deixando o filho com os avós e uma ama na Quinta da Vitória, em Camarate. Em 1900, entrou no liceu do Carmo, começando, então, a escrever poesia. Entretanto, o pai, de regresso dos Estados Unidos, levou-o a visitar Paris, a Suíça e a Itália. Em 1905 redigiu e imprimiu O Chinó, jornal satírico da vida escolar, que o pai o impediu de continuar, por considerar a publicação demasiado satírica. Em 1907 participou, como ator, numa récita a favor das vítimas do incêndio da Madalena, e no ano seguinte colaborou, com pequenos contos, na revista Azulejos. Transferido, em 1909, para o Liceu Camões, escreveu, em colaboração com Thomaz Cabreira Júnior (que viria a suicidar-se no ano seguinte), a peça Amizade. Impressionado com a morte do amigo, dedicou-lhe o poema A Um Suicida, 1911.
Matriculou-se na Faculdade de Direito de Coimbra em 1911, mas não chegou sequer a concluir o ano. Iniciou, entretanto, a sua amizade com Fernando Pessoa e seguiu para Paris, com o objetivo de estudar Direito na Sorbonne. Na capital francesa dedicou-se sobretudo à vida de boémia dos cafés e salas de espetáculo, onde conviveu com Santa-Rita Pintor e escreveu, de parceria com António Ponce de Leão, em 1913, a peça Alma. Em 1914, publicou A Confissão de Lúcio (novela) e Dispersão (poesia). No ano seguinte, durante uma passagem por Lisboa, começou, conjuntamente com os seus amigos, em especial Fernando Pessoa, a projetar a revista literária que se viria a publicar com o nome de Orpheu. Nesse mesmo ano, o pai partiu para a então cidade de Lourenço Marques e Sá-Carneiro voltou para Paris, regressando novamente a Portugal, com passagem por Barcelona, após a declaração da guerra.
Depois de algum tempo passado na Quinta da Vitória, voltou a Lisboa, onde conviveu com outros literatos nos cafés, alguns dos quais membros do grupo ligado à revista Orpheu, cujo primeiro número, saído em Abril de 1915 e imediatamente esgotado, provocou enorme escândalo no meio cultural português. No final do mesmo mês, publicou Céu em Fogo. Em Julho desse ano saiu o Orpheu 2 e, pouco depois, Sá-Carneiro regressou a Paris, de onde escreveu a Fernando Pessoa comunicando a decisão do pai de não subsidiar o número 3 da revista. Agravaram-se, por esta altura, as crises sentimentais e financeiras do poeta (já por várias vezes tinha escrito a Fernando Pessoa comunicando o seu suicídio). Sá-Carneiro suicidou-se, com vários frascos de estricnina, a 26 de Abril de 1916, num hotel de Paris, suicídio esse

MANUCURE — de MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO

Na sensação de estar polindo as minhas unhas,
Súbita sensação inexplicável de ternura,
Todo me incluo em mim – piedosamente.
Entanto eis-me sozinho no café:
De manhã, como sempre, em bocejos amarelos.
De volta, as mesas apenas – ingratas
E duras, esquinadas na sua desgraciosidade
Boçal, quadrangular e livre-pensadora…
Fora: dia de maio em luz
E sol – dia brutal, provinciano e democrático
Que os meus olhos delicados, refinados, esguios e citadinos
Não podem tolerar – e apenas forçados
Suportam em náuseas. Toda a minha sensibilidade
Se ofende com este dia que há de ter cantores
Entre os amigos com quem ando às vezes –
Trigueiros, naturais, de bigodes fartos –
Que escrevem, mas têm partido político
E assistem a congressos republicanos,
Vão às mulheres, gostam de vinho tinto,
De peros ou de sardinhas fritas…

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Do Blogue Horas Extraordinárias

Mini-bibliotecária

Maria do Rosário Pedreira
 
 
Nestes tempos tão escuros para o mundo, em que todos os dias nos chegam notícias de atrocidades, violência, atentados, desrespeito e intolerância, sabe bem ler que ainda há quem nos faça ter esperança no futuro, sobretudo em locais onde o bem-estar não é, de modo nenhum, evidente. Muskaan Ahirwar, uma menina indiana de nove anos a frequentar a terceira classe, decidiu criar uma biblioteca à sua porta, num bairro pobre, para os meninos que não têm livros. Todos os dias, depois das aulas, chega a casa e monta a sua biblioteca, colocando os livros – que já são mais de cem – numa espécie de estendal. Empresta-os aos que vêm dos bairros de lata ainda mais degradados do que o seu e já sabem ler, mas também lê alto para os mais pequeninos, a quem, de resto, explica com paciência como ler faz com que se viaje sem sair do sítio. A operação tem sido de tal modo bem-sucedida que o Estado da Índia resolveu certificá-la como bibliotecária, concedendo-lhe um diploma atestando as suas capacidades para a função e declarando que a sua biblioteca tem o apoio do sector oficial da educação. Nesse documento, lê-se ainda que ser amigo dos livros é ser amigo do mundo e que ler é também conhecer outros mundos. Um exemplo bonito de que deixo aqui uma imagem inspiradora.
 
 
 
biblit.jpg
 
 

segunda-feira, 21 de março de 2016

sábado, 19 de março de 2016

Está a chegar… 21 de Março: Dia Mundial da Poesia


pergunto se posso dizer o teu nome a uma flor
flor o teu nome sussurrado pétala a pétala
letra a letra uma flor desfolhada na terra



[José Luís Peixoto]
[A Criança em Ruínas, Poesia]


Para esse dia (e não só), alguns programas:



segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016


Morreu sexta feira dia 18.02.2016 Umberto Eco.

Para a literatura, para nós leitores, esta ocasião significa a perda de um escritor de talento, culto e influente  a nível académico.

A ultima obra que li dele, no verão passado e em férias no Douro, foi Numero Zero e gostei bastante porque me despertou para mundos obscuros do jornalismo e da escrita, dirigida para e por poderes de grande influência na sociedade contemporânea. Aborda cruamente como se gerem as inverdades, se transformam mentiras em quase verdades e como se lançam estratégicamente notícias no mercado – o seu e o seu contrario.

A narrativa do romance não é fácil, mas é extremamente rica em tópicos que se tocam, incluindo mitos históricos, internet e terrorismo. Deixo esta sugestão de leitura já com varias edições, em Portugal. Acompanhou-me no meu descanso com a família e  foi uma leitura “reveladora”.

Um abraço aos amigos leitores.

Cristina Costa

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Do Blogue Horas Extraordinárias
publicado por Maria do Rosário Pedreira, às 09:22
Li num jornal de Barcelona uma notícia muito bonita, até porque em Portugal já não é fácil encontrar livrarias em que os clientes consigam estabelecer com os livreiros relações de grande proximidade (há-as, evidentemente, mas sobretudo longe dos grandes centros). Xavier Vidal, o proprietário da livraria Nollegiu, aberta há pouco mais de dois anos em Barcelona, conseguiu num domingo de manhã uma verdadeira proeza, quase uma utopia: a de juntar mais de uma centena de clientes que, por amor aos livros, o ajudaram a fazer a mudança para outro local. Não em carros, nem sequer transportando caixotes; mas colocando-se ao longo do caminho que une as duas lojas, a antiga e a nova, numa autêntica cadeia humana, cada um passando ao companheiro do lado o conteúdo inteirinho da livraria! Xavier Vidal reconhece que tem clientes excepcionais, uma vez que até crianças acorreram a ajudar, sem medo do peso de alguns volumes; mas estes clientes consideram que Xavier merece isto e muito mais, porque soube fazer da sua pequena loja um espaço onde os leitores se sentem em casa. De tal forma o estabelecimento soube atrair os vizinhos desde que se instalou que, em pouco mais de dois anos, se tornou demasiado pequeno para tantos interessados e foi preciso avançar cem metros na rua para que ocupasse uma loja maior e pudesse servir melhor a clientela. Um dos transportadores disse à jornalista do El Periódico que não basta aos leitores queixarem-se de que as livrarias estão todas a fechar, é preciso pôr mãos à obra de todas as maneiras e feitios para evitar que isso aconteça. Bem, a imagem diz tudo.
parte-cadena-humana-que-traslado-los-libros-nolleg

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A poesia de José Carlos Ary dos Santos, hoje e sempre!

Hoje faz 32 anos que Ary dos Santos faleceu. Deixo-vos aqui um belíssimo poema de sua autoria e  uma foto sua acompanhada de outro grande poeta e compositor - José Afonso.


Meu amor, meu amor

Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.

Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.

Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento

este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.


quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

... o desafio de Leitura à Desgarrada

“Os interessantes” de Meg Wolitzer

Foi a minha última leitura de 2015 e apesar das suas 587 páginas, prende-nos fortemente do  princípio ao fim…

O livro relata a história de seis personagens (pessoas comuns) desde a adolescência (década de 70) até aos 50 (época actual) e da sua amizade.

É um livro sobre a vida, alternando entre vários períodos e a perspectiva dos diferentes personagens.
E podia ser a vida de qualquer um de nós – com ou sem talento(s) - começando na adolescência, tempo
de encantamento,
de sonho,
de descoberta,
de que tudo é possível,
de que podemos mudar algo,

continuando na vida adulta com
o crescer e o que isso tem de doloroso,
o gerir expectativas,

até aos 50… com
a nostalgia da adolescência,
as amizades que mantivemos e aquelas que ficaram pelo caminho,
o que pensámos fazer e não fizemos!

Em suma, é um livro sobre a vida, e como defende uma das personagens, “… ter projectos era o que mantinha uma pessoa no mundo, o que mantinha uma pessoa viva”.

Definitivamente, uma leitura a não perder!

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Um Buraco na Estante: As Leituras e as Estações do Ano

Um Buraco na Estante: As Leituras e as Estações do Ano: Análise interessante:  Do blogue Pó dos livros… E vós? O que andais lendo neste Inverno?



Boa tarde,

Relendo "Contos" do amigo Eça (sempre actual) e lendo "Para onde vão os guarda-chuvas" de Afonso Cruz.

Um Bom Ano 2016 para todos.