(excertos)
Todo
texto defende uma tese.
Quando
afirmamos isto, não nos referimos apenas a textos académicos ou
teóricos, mas a todo e qualquer texto, incluindo o texto literário.
A
tese, ou a proposição, é aquilo que é posto diante dos olhos do
leitor, aquilo que o autor deseja apresentar.
Numa
carta de amor entre namorados, a tese é provar os sentimentos
amorosos de um para o outro; num texto teórico universitário, a
tese é a demonstração e comprovação de uma hipótese; em
qualquer texto, existe uma tese, uma ideia a ser defendida, mesmo que
ela esteja diluída e pareça ser inexistente.
Na
Literatura, a tese costuma transparecer de duas maneiras mais comuns:
explicitamente, quando a proposta do texto é convencer o leitor a
aceitar a tese, ou implicitamente, quando o texto estimula o leitor a
concluir, por si só, qual é a tese.
Na
verdade, apenas uma obra com objetivo explícito é compreendida por
alguns leitores; nem todos possuem o refinamento para ler as
entrelinhas de um texto cuja tese esteja disfarçada.
Entretanto,
a História da Literatura costuma destacar os autores que conseguem
defender suas ideias sem dogmatismo, sem proselitismo. Via de regra,
uma obra de Arte é aquela capaz de tocar, de algum modo, todas as
pessoas, concordem elas ou não com a tese apresentada.
E,
para muitos leitores, desvendar os mistérios de uma obra literária
para desvelar seu sentido é uma grande recompensa. Prémio
comummente recusado por obras panfletárias.
Henry
Bugalho