quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

2ª sessão - Detetives à noite


À volta da luz das velas num espaço motivador- a Mercearia Santana, uma pérola da edificação histórica de Sacavém – começou, precisamente às 21 horas e 37 minutos, a Comunidade de Leitores dedicada a Edgar Allan Poe criador das enigmáticas e petulantes figuras do detetive privado e do género policial...

 Dupin lembra-se, decerto que se lembra, da Gazette des Tribunaux de ontem que reportava uns estranhos crimes no bairro de St. Roch, num 4º andar de um prédio da Rua Morque? E que terminava com a afirmação de não existir a mais leve pista para resolver aquela carnificina.

Pois hoje a Gazzete de hoje tem mais desenvolvimentos, ora oiça: (…)

E assim os Mistérios da Rua Morgue foi-se dando à revelação da comunidade presente, através de uma leitura encenada realizada pelas colegas Rita Pitada e Vera Morganheira.

“Vamos, depressa meu amigo, Vamos ao local do crime.”
Não fomos ao local do crime, por impossibilidade literária, optamos por ir ao encontro da vida e da obra de Edgar Allan Poe, e porque ainda que no mesmo caminho cada caminheiro vê ou é mais atento a determinados detalhes, e gosta ou não da paisagem, também aqui as opiniões e o gosto pela obra de Edgar Allan Poe foram diferenciadas, ficando no fim o consenso que é a Poe que devemos este estilo literário e o nascimento desses personagens, para quem é amante do estilo, nos deliciam e agarram aos policiais.




do blog Horas Extraordinárias

Uma boa história

Maria do Rosário Pedreira

Uma aldeia situada a cerca de trinta e cinco quilómetros de Burgos saltou do anonimato para as parangonas dos jornais do país vizinho. É um lugar chamado Quintanalara, de apenas quatro ruas, casas de pedra de um só piso e, segundo o censo, uns míseros 33 habitantes (embora só nove vivam lá durante todo o ano). E, porém, ao contrário de aldeias e vilas de outra dimensão, acaba de construir uma biblioteca, e uma biblioteca de 16 000 volumes! Estes foram doados, na maioria, por particulares que herdaram bibliotecas de família que não cabiam nas suas casas, mas também por universidades, como a de Navarra, que se apaixonou pela iniciativa e mandou um camião cheio de livros. E o que é espantoso é que esta biblioteca, estando no meio rural, fica aberta dia e noite (sim, vinte e quatro horas por dia!) e não é um lugar de empréstimo, mas de troca: quem lá for buscar um livro tem de deixar outro, para que o número de volumes não diminua (a biblioteca está, de resto, incluída na rede de bookcrossing como um dos pontos de troca de livros mais bem apetrechados). Os responsáveis crêem que este pequeno templo milagroso atrairá pessoas a Quintanalara e projectam realizar ali conferências e apresentações de livros, não apenas para os habitantes locais (que não encheriam a sala) mas para gente das terras das redondezas que não têm grande oferta e para turistas e gente que ficou curiosa com a notícia. Propõem, aliás, o plano ideal para um fim-de-semana: visitar o património românico da zona e terminar o passeio na biblioteca, com uma boa história! Não sei porquê, mas já me estou a ver a ir a Quintanalara…