terça-feira, 10 de dezembro de 2019





















Natal: uma Alegria que vem de dentro

Não recorras ao que já sabes do Natal,
mas coloca-te à espera
daquilo que de repente em teu coração
se pode revelar
Não reduzas o Natal ao enredo dos símbolos
tornando-o um fragmento trémulo sem lugar
no concreto da vida
Não repitas apenas as frases que te sentes obrigado a dizer
como se o Natal devesse preencher um vazio
em vez de o desocultar
Não confundas os embrulhos com o dom
nem a acumulação de coisas com a possibilidade da festa:
o que recebes de graça
só gratuitamente poderás partilhar
Cuida do exterior sabendo que ele é verdadeiro
quando movido por uma alegria que vem de dentro
Uma só coisa merece ser buscada e celebrada, uma só:
o despertar de uma Presença no fundo da alma
Por isso o Natal que é teu não te pertence
Só a outro o poderás pedir.


[José Tolentino Mendonça]







sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Rádio Horizonte FM ouviu Sérgio Godinho a propósito da sua participação na Comunidade de Leitores.


Oiçam a entrevista feita por Hugo Janeiro, repórter da Rádio Horizonte FM, a Sérgio Godinho, realizada no dia 17 de outubro, na 1º sessão da edição 2019/2020 da Comunidade de Leitores das Bibliotecas Municipais de Loures, com o título “Interiores, que aborda vidas não convencionais à luz da sociedade em que vivemos, reais ou não, e que podem reflectir a nossa essência ou o nosso submundo.

Sérgio Godinho esteve à conversa com os leitores sobre a sua obra literária “Estocolmo” e a Rádio Horizonte FM esteve presente na sessão e ouviu o autor numa conversa sobre livros e música.

Aproveite ainda para ouvir todas as 3ª feiras, às 9H30 e às 19H15 a rubrica "A voz dos Livros" com sugestões de leitura da Comunidade de Leitores, numa parceria com a Rádio Horizonte FM, com o objetivo de promover o livro a leitura.



domingo, 28 de julho de 2019

Pelo menos 90%




Quando a inspiração chegou, o escritor ainda dormia. Deixou uma nota: “aconselho mais transpiração”. 

domingo, 30 de junho de 2019

Aquilo que não está dito



«Todos os grandes contos são sobre outra coisa qualquer que não está na página. Vejamos Carver, Tchekov, Munro: as suas histórias são aquilo que acontece, e aquilo que não está dito. A metáfora que eleva um texto à condição de literatura.» — João Tordo

terça-feira, 4 de junho de 2019

Comunidade de Leitores especial assinala aniversário da Biblioteca Municipal Ary dos Santos



A escritora Ana Margarida de Carvalho foi a convidada da sessão especial da Comunidade de Leitores, realizada no dia 4 de junho, e que assinalou o terceiro aniversário da Biblioteca Municipal Ary dos Santos, em Sacavém.



A autora de dois romances, Que Importa a Fúria do Mar e Não se pode morar nos olhos de um gato, ambos premiados com o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores – o que é único na história de um Prémio com 35 anos de existência –, esteve à conversa com os leitores sobre a sua última obra literária, um livro de contos, Pequenos Delírios Domésticos.
Uma sessão muito participada, onde se abordaram temas da atualidade, como os problemas dos refugiados, das famílias disfuncionais, o conflito israelo-palestiniano, temas que fazem parte dos contos e assuntos mais relacionados com a função da literatura e o que ela provoca em cada leitor.






Que livro escrito por uma mulher se publicou no ano em que nasceste, em Portugal?








domingo, 26 de maio de 2019

Pós-eleições



Noite alta, um estrondear inusitado. Não era tiroteio, nem foguetes; só os vizinhos a largar os pesos da consciência.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

A música em Saramago por Jorge Vaz de Carvalho


Os Museus como Centros Culturais: o futuro da tradição foi a temática escolhida pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM) e que serviu de mote às várias iniciativas que os museus municipais promoveram, estimulando um ambiente de festa e comemoração, de convívio e partilha, de experiências e descoberta.
A par desta comemoração, a Noite Europeia dos Museus surgiu como mais uma oportunidade de visitar e desfrutar dos museus de Loures, em horas menos convencionais, mas não menos atrativas.
O programa das comemorações teve início no dia 16 de maio, no Palácio dos Arcebispos, em Santo Antão do Tojal, com uma sessão extraordinária da Comunidade de Leitores das bibliotecas municipais de Loures, subordinada ao tema A música na obra de Saramago, e que teve como convidado Jorge Vaz de Carvalho. O professor trouxe para esta conversa informal os auspícios de Memorial do Convento, de José Saramago, com base na ópera Blimunda, de Azio Corghi. A conversa fez-se de estórias e de personagens do romance, tais como Blimunda e Baltasar, o sonho de voar de Bartolomeu de Gusmão e a devoção à música de Domenico Scarlatti. Este evento integrou igualmente a programação do projeto Rota Memorial do Convento.






sábado, 11 de maio de 2019

Comunidade de Leitores pelos caminhos da Lisboa Judaica


A Comunidade de Leitores promoveu, no  dia 11 de maio, um passeio pelos caminhos da Lisboa judaica, no âmbito da temporada 2018/2019 desta iniciativa municipal.

Percurso pelos caminhos da Lisboa Judaica foi o nome do passeio que encerrou a edição 2018/2019 da Comunidade de Leitores, promovida pela Câmara Municipal de Loures, através da Rede de Bibliotecas Municipais.
Mais de quatro dezenas de leitores participaram neste passeio, guiado pela historiadora e investigadora Andreia Salvado, que os transportou da literatura para a realidade dos factos, ocorridos em Lisboa, à época.
No dia 9 de maio, a Comunidade de Leitores analisou ainda a obra O Último Cabalista de Lisboa, de Richard Zimler, numa conversa realizada na Biblioteca Municipal Ary dos Santos, em Sacavém. Esta obra literária relata o massacre ocorrido em abril de 1506, durante as celebrações da Páscoa, onde cerca de dois mil cristãos-novos foram mortos no Pogrom, em Lisboa, a mando dos frades dominicanos.
Ao longo de nove meses de leitura, os leitores desta Comunidade partilharam, através de conversas informais, as suas opiniões sobre as diversas obras escolhidas pelas moderadoras desta iniciativa, que nesta temporada teve como tema Passar o tempo pelo tempo.






domingo, 28 de abril de 2019

Pão e Poesia...



Conflito



Generalizando, nenhum de nós é quem afirma ser. Somos o que fazemos em situações de conflito. É nessas situações que nos revelamos.
Conflito é a perceção de que existe um obstáculo que nos impede de alcançar certo desejo. É uma disputa entre as coisas como elas se nos apresentam e como gostaríamos que elas fossem. E a nossa reação a esse desacerto.
Conflito é o eixo central de todas as histórias, porque define o foco da narrativa e delimita o tema que será desenvolvido em mais profundidade no texto.
As personagens são os alter-egos que, nas histórias, nos permitem experimentar a complexidade do mundo, sem os seus perigos.
O motor que motiva as personagens a lutar para alcançar os seus desejos são as suas crenças e os seus valores. São as suas referências de certo e errado, bom e mau, relevante e irrelevante, possível e impossível, desejável e indesejável. Essas referências determinam todos os seus comportamentos, pensamentos e emoções. Como determinam os nossos.
Atentar em que conflito cada personagem se envolve e como o ultrapassa ajudar-nos-á a identificar as suas crenças e os seus valores. E vice-versa. Como os conflitos em que nos envolvemos e como os ultrapassamos nos ajudam a perceber quem na realidade somos. E vice-versa.
Generalizando, a leitura ensina a viver.






domingo, 31 de março de 2019

A opção do escritor



Aqui nasce a grandeza da nossa nação — alardeou Smith, apontando o pavilhão sombrio onde giravam volantes e fumegavam caldeiras, mas Dickens só viu duzentos meninos enfarruscados a arrancar da fome forças.

quinta-feira, 21 de março de 2019

"Como a sombra que passa" em análise

Como a Sombra que Passa
Antonio Muñoz Molina

Opinião:
Identifico-me com este romance por várias razões. Sou lisboeta e adoro a cidade. Sou da mesma geração do escritor, tenho muitos gostos em comum, não só na literatura, como na música e também no cinema, Todos aqueles livros, músicos, atores, filmes que estão nomeados no romance são também os meus preferidos. Tenho-os em casa. No jazz: Chet Baker, Charlie Parker, Billy Holiday, John Coltrane, Dexter Gordon, Miles Davis e tantos outros.  Muitos destes, tive a oportunidade de ver e ouvir, apesar de ser muito jovem. Vi-os no mítico Festival de Jazz de Cascais. Este Festival havia de marcar os meus gostos musicais para sempre. Molina escreve "Eu amava o jazz, mas acho que amava ainda mais os músicos de jazz". E eu também. Depois temos os livros e os escritores, tantos de quem gosto e que cresci com eles como Baudelaire, Artaud, Flaubert, William Faulkner, Fitzgerald, Brecht e outros.  Os poetas Fernando Pessoa e Mário Césariny, Garcia Lorca e tantos outros. Depois temos o Jumi Hendrix e Lou Reed. Uau! Sublimes. A música de cabaré de Kurt Weill, que algumas vezes escutei no Alcântara Café. Os filmes de Fellini, a música de Gato Barbieri no Último Tango em Paris e a de Ennio MOrricone no filme Era uma vez na América. Laranja Mecânica de Stanley Kubrick, 1900, O Império dos Sentidos, todos filmes que permanecem nas nossas memórias para sempre.

Neste romance encontramos os passos de muitas pessoas e muitas sombras. Encontramos os passos de Ray, um assassino e os de Molina e também lá vejo os meus, em muitos locais de Lisboa, nomeadamente na Praça da Alegria, onde se localizava o Hot Clube de Portugal. Vou até à infância e com a mão dada à da minha mãe, também poderia ter cruzado os meus pequenos passos com os do assassino de Martin Luther King.

Depois há muitas frases neste livro que me dizem tanto e me fazem pensar, como por exemplo, atrás das portas da ficção o que há é um vazio, semelhante ao que existe atrás do cenário de um filme, a nossa realidade será assim tão vazia? o que fazemos sem a arte? Essa mediocridade que perdura no tempo e por isso, precisamos mesmo de estar dentro da ficção, como a paixão deve ser ilícita e clandestina, porque o matrimónio é aborrecido e a imaginação é mais rica e mais poderosa do que a realidade e o desejo mais valioso do que a satisfação.

Sempre gostei da noite e Molina escreve que a noite era mais poética de que o dia. Acredito como Molina há um instante qualquer que nos guia ao acaso, até às coisas que mais nos vão agradar, como um acaso me levou a este livro de Molina para fugir ao romance histórico, puro e duro, para a seleção de livros para esta edição da Comunidade de Leitores, como um acaso levou o escritor a ler o artigo de Vladimiro Nunes, no jornal Sol e a consequência de escrever um livro sobre o assassino de Martin Luther King e a regressar a Lisboa.

O escritor conta-nos a história de um assassino, que é provavelmente o menos importante do livro ou como diz Molina: queria contar uma novela, mas também como se constrói uma novela e foi isso que fez com grande mestria. Revisitou um outro livro O Inverno em Lisboa que muitos anos antes o havia trazido a Lisboa e nos tinha  contado uma história sublime, de mistério e paixão, sempre com o jazz em fundo, numa Lisboa noturna, que nos convida a deambular, a parar para beber algo forte e fumar um cigarro num qualquer bar no Cais do Sodré. Do mesmo modo que a neblina e as águas do Tejo isolavam Lisboa do Mundo, tornando-a não um lugar, mas uma paisagem do tempo, ele percebia pela primeira vez na vida a absoluta insularidade dos seus atos: ia-se tornando tão alheio ao seu próprio passado e ao seu futuro como aos objetos que o rodeavam de noite no quarto do hotel. Por vezes, é preciso alhearmo-nos da realidade e é por isso que é tão bom ler os romances de Antonio Muñoz Molina.
Maria Rijo

                                           Vladimiro Nunes, editor da ed. Ponto de Fuga









domingo, 24 de fevereiro de 2019

Breve Dissertação sobre o Palavrão



Caros circunjacentes:
A minha preleção de hoje versa o palavrão em todas as suas aceções, o qual, segundo o dicionário Houaiss, pode ser considerado em três aspetos semânticos:
O mais popular, imediato e disseminado é o turpilóquio ou tabuísmo. Nesta forma torpe, explode, geralmente, boca afora, espontâneo e veemente, quando se é vilipendiado de maneira inopinada ou prepotente nas interações sociais. Sobrevém, amiúde, nas acrimónias do trânsito citadino, onde a peleja pelo espaço essencial do asfalto faz colidir os interesses particulares. Então, nos píncaros da exaltação, aquilo que primeiro acode aos lábios, sem se subordinar a uma triagem nas circunvoluções da racionalidade, são considerações sobre as características ou os hábitos excretais ou sexuais do pretenso agressor ou de algum membro da sua família. São expressões belicosas cuja significação pretende provocar algum constrangimento na autoestima do interlocutor acidental. Por exemplo, «Rastilho curto!», o que, como calculam, também achincalha o tamanho do autocontrolo dele.
No entanto, para atingir o adversário de maneira cruenta e implacável, o vitupério não precisa de coincidir, morfologicamente, com um vocábulo de semântica obscena. Para tanto, basta a entoação colmatar a escassez de ignomínia. Recordo aqui a forma irretorquível como concluí uma altercação de trânsito, que deixou o meu antagonista em estupor, como touro lidado: «Ó meu caro amigo: Vodafone!»
A forma mais vulgarizada, todavia, é a de aconselhar o contendor a encetar determinada atividade, ou a deslocar-se para determinado local, diversos dos atuais, e que, na opinião do fustigador, se adequam melhor às características do enxovalhado. As notícias da política internacional são um manancial de expressões com sonoridades e construções ortográficas que sugerem conotações soezes e insultuosas. Aquando da guerra na ex-Jugoslávia, ouvi uma feirante verberar outra, nos seguintes termos: «Vai pà Bósnia, sua Herzegovina!» Se fosse agora, talvez dissesse «Vai Bachar al-Assad com Brexit, sua Guaidó!», o que me parece de uma gravidade inquestionável. Ninguém merece ver-se confrontado com esta alternativa.
Outro significado de “palavrão”, este com alto grau de adequação, é “palavra grande e de pronúncia difícil”. Quando era mancebo, pensava que o maior palavrão da língua portuguesa era “inconstitucionalissimamente”, com 27 letras. Hoje, constato que o palavrão que me enchia de orgulho era apenas um palavrinho, como pirilau de menino. O do pai chama-se Paraclorobenzilpirrolidinonetilbenzimidazol, tem 43 letras e é uma substância farmacêutica. O do vizinho africano chama-se Pneumoultramicroscopicosilicovulcanoconiótico, tem 46 letras e significa “portador de uma doença pulmonar aguda causada pela aspiração de cinzas vulcânicas”.
O mundo destes palavrões é atroz. Embaraça qualquer estudante de medicina, mas, sobretudo, aterroriza o portador da doença Hipopotomonstrosesquipedaliofobia, a qual — crueldade das crueldades — é a “doença psicológica que se caracteriza pelo medo irracional de pronunciar palavras grandes ou complicadas”. Imaginem o pânico do doente de ser inquirido sobre a denominação da sua própria enfermidade!
Estes vocábulos escaganifobéticos parecem-me denunciar o pérfido subterfúgio de arquitetar termos complicados, pela mera acoplagem, numa mesma palavra, de outras muito mais curtas. Por esta técnica, também posso autoqualificar-me como Homemextremamenteatraenteinteligentedivertido, epíteto de que só não faço uso por abominar redundâncias.
A terceira aceção de “palavrão”

domingo, 27 de janeiro de 2019

A ponte



Viajar para Saturno não fazia parte das aspirações de Oleg, em criança. As leituras de juventude — muita ficção científica, muita divulgação científica — levaram-no, no entanto, para caminhos insuspeitos, mas empolgantes. Aos trinta e dois anos via-se a caminho de Encélado, uma lua de Saturno com aparentes boas possibilidades de desenvolver vida: tem água líquida, atividade hidrotermal e uma composição gasosa com algumas semelhanças com a da Terra. Tais condições, talvez amigáveis para humanos, desencadearam mais uma corrida espacial entre as nações do planeta azul. Haverá um momento em que pequenas colónias de homens terão necessariamente de procurar alternativas de espaço e de recursos naturais fora da superlotada e envenenada Terra.
Oleg integra a minúscula equipagem da Moct, a nave que já navega há quatro anos e ainda precisa de mais dezasseis para chegar a Saturno. Os três membros viajam em regime de oito meses de semi-hibernação induzida, por quatro meses de vigília/sono. O tempo custa a passar. Ainda falta quase um mês para Oleg voltar a ser submetido à fase letárgica. O isolamento é penoso e pérfido. Trocar palavras com a base terrestre é um exercício kafkiano, devido ao desfasamento temporal provocado pela distância. Uma palavra que ele lançasse agora para a Terra demoraria mais de três minutos a chegar lá; se devolvida logo, a resposta chegaria a Oleg mais de seis minutos depois. Não dava para conversar; só parodiar um patético diálogo de afásicos.
Oleg não estava tão isolado assim, tinha consciência. A enorme equipa que programara a missão a Encélado previra as intermináveis horas de solidão, estudara os gostos e a personalidade de cada cosmonauta. A Oleg forneceu cinquenta “teras” de filmes e livros, distribuídos por vários unidades de armazenamento.
No final da adolescência, Oleg continuava muito reservado. Era frequentador da biblioteca da sua cidade natal. Gostava de se internar no universo fantástico das secções; como descobridor de mundos, costumava aterrar numa galeria, explorar o continente de uma estante, deambular pelos vales surpreendentes das prateleiras, deslumbrar-se com as residências dos habitantes, entrar nas páginas de uma e tomar contacto com os inesperados moradores, às vezes, seres bizarros e inquietantes; outras, criaturas simpáticas e calorosas. À despedida, um conforto espiritual acompanhava-o, animando a sua condição de homem em busca de enriquecimento íntimo.
Da adolescência guardou aquele gosto pelo inesperado: entusiasmava-se com o que a sorte lhe atribuiria, em pesquisas aleatórias de leitura. Instalou-se no conforto de uma ténue gravidade artificial da zona de lazer, posicionou o visor a uma distância cómoda e lançou a pesquisa. A máquina apresentou-lhe “O jovem pastor e a fadazinha”, um conto valáquio de Gorki. À memória acorreu a imagem de um prado de extensão inimaginável. E do deslumbramento juvenil do pastorzinho aconchegado entre céu e planura.
Lembrava-se de todos os grandes clássicos: da monumentalidade de Tolstoi, da sátira social de Gogol, dos contos suaves e realistas de Chécov; este conto tinha estado encoberto, há tanto tempo que não o lia... Dentro em pouco, estava embrenhado nas peripécias ingénuas e carinhosas do pastor e da pequena fada nas margens do Danúbio:

«O pastor sentou-se à sombra de uma árvore solitária que, amante da liberdade, se afastara da floresta para crescer em plena estepe; erguia-se orgulhosa e altivamente, balouçando suavemente os ramos sob a carícia do vento que soprava do mar.
Era no mês de maio, um mês encantador, um mês alegre. A folhagem nova que o mês tinha feito nascer,

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

"O Império dos pardais" leva-nos ao século XVI


Livro:
O Império dos pardais de João Paulo Oliveira e Costa
10 janeiro
Comunidade de Leitores

O Museu Municipal de Loures – Quinta do Conventinho, em Loures, recebe, a 10 de janeiro, uma sessão da Comunidade de Leitores, onde se vai refletir sobre o livro O Império dos Pardais.
Da autoria de João Paulo Oliveira e Costa, O Império dos Pardais foi a obra de estreia deste autor. Centrando-se na afirmação do império colonial português, no início do século XVI, O Império dos Pardais é um romance histórico que decorre durante o reinado de D. Manuel I.