quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

4ª Sessão "DETETIVES À NOITE" - Um policial no feminino.

A Pena do Diabo



A última sessão de "Detetives à Noite" a realizar na Biblioteca Municipal José Saramago, em Loures, é já no dia 9 de Março às 21h00.
 
Este é um policial no feminino onde iremos desvendar o mistério que se esconde por detrás da morte de cinco mulheres, brutalmente assassinadas, na Serra Leoa.
 
Até já e boas leituras.
 
 
 
 
 
 






 
Uma triste realidade...

Ler na escola

 
A criação de um Plano Nacional de Leitura – o nosso PNL, mas também muitos outros espalhados pelo mundo (lembro-me, por exemplo, de un Plan de Lectura na Argentina) – é fundamental, antes de mais, para que todos os alunos, venham de onde vierem, possam aceder ao livro em igualdade de oportunidades. Isso, para mim, é o mais importante, pois todos sabemos que há famílias que não têm um único livro em casa e que, se não for a escola a disponibilizá-los, muitas crianças não poderão ler livros e experimentar o prazer da leitura. Claro que o aconselhamento de certas obras para determinado grau de ensino ou idade é interessante, mas não deve ser tomado como um espartilho:  não há ninguém que conheça melhor o nível intelectual ou os hábitos de leitura de uma turma como o seu próprio professor e, assim sendo, a lista de recomendações de um Plano de Leitura (cá, lá e em toda a parte) deveria ser apenas um guia de sugestões. Muitas vezes, porém, não é. E porquê? Pois, agora vou chegar à parte difícil. É que há mesmo muitos professores que não lêem absolutamente nada e, quando têm de propor a leitura de uma obra aos seus alunos, imediatamente consultam a lista pois não saberiam de outro modo o que aconselhar. Li um artigo sobre o assunto, em que uma coordenadora de leitura, no Brasil, foi a uma escola em que os professores não tinham a mínima ideia de como motivar os alunos para a leitura; e, quando ela lhes pediu que trouxessem um livro de que tivessem gostado e falassem dele, bem… percebeu que não tinham lido nenhum livro nos últimos dois anos. Será que os Planos de Leitura de todo o mundo não deveriam também sugerir obras a professores?
 
Maria do Rosário Pedreira do Blog Horas Extraordinárias 20/01/2017

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Um fim de tarde com Richard Zimler

A terceira sessão da Comunidade de Leitores contou com a presença do escritor Richard Zimler que gostou da “surpresa” contada uns minutinhos antes, durante a viagem até à Biblioteca Municipal Ary dos Santos, da leitura encenada de um excerto da sua obra, protagonizada por dois dos leitores desta comunidade – Carlos Santos e Alfredo Santos. Depois de ficarmos a conhecer dois dos personagens da obra em discussão “A Sentinela”, Henrique Monroe e o seu irmão Ernie, quisemos saber afinal quem era A Sentinela que habitava no corpo de Henrique Monroe, Inspetor Chefe da Polícia Judiciária, com a árdua tarefa de desvendar o crime de Pedro Coutinho. Zimler contou-nos tudo. Contou-nos como surgiu o nome para o título, “Night  Watchman”.Mas como escreve em inglês, traduzido ficava qualquer coisa como “ O guarda-noturno”, o que não podia ser. Então, o Alexandre foi quem sugeriu o título, tal qual o conhecemos “A Sentinela”. Contou-nos também como surgiu a ideia para escrever o romance. Estava em Nova Iorque, numa livraria, e deparou-se com um livro de psicologia, porque gosta de ler temas diversificados, e, a partir do assunto desse livro que falava da perturbação dissociativa de identidade, surgiu a ideia chave para o seu romance.
Já todos sabemos que a literatura tem um poder enorme, e, por isso mesmo, a conversa fluiu por muitos assuntos, a partir da história do livro. Falámos de assuntos muito sérios e que fazem crescer, dentro de nós, uma certa raiva, assuntos que nos incomodam, como o são os abusos a menores e a violência doméstica. O escritor falou do seu caso pessoal e muitos de nós pensámos que também já sofremos ou assistimos a situações dessas e, provavelmente fomos aos nossos baús da memória, onde guardamos os nossos silêncios, incapazes de se tornarem públicos, embora seja preciso falarmos das coisas que nos revoltam, como o fez Zimler com grande coragem.
Falámos de política, de políticos e de corrupção, nomeámos alguns nomes portugueses que passaram pela governação do país, há poucos anos, falámos de Bush, de Trump e de outros políticos que chegam ao poder, sem filtragem a funcionar, na opinião do escritor. Sugeriu que alguns desses políticos (não dizemos quais) deveriam ter sido rececionistas de hotel, vendedores de perfumes ou mulheres da limpeza da biblioteca, sem desprestígio para as pessoas que têm essas profissões. Explicou-nos ainda que usou os nomes de alguns políticos de então (2012) para tornar o romance realista, o que é natural na cultura anglo-saxónica, acrescentando ainda que não teve qualquer problema ou medo de represálias porque tinha a certeza que aqueles políticos não leem literatura.
Outras conversas surgiram à volta da obra já extensa de Richard Zimler, como a história judaica, numa sessão muito participada e calorosa. No final, Richard Zimler deu autógrafos e conversou com os seus leitores.

A Biblioteca é um mundo cheio de palavras e afetos. Venha fazer parte dele!