Este romance de José Luís Peixoto editado em 2010 é centrado na emigração portuguesa para França nas décadas de 60/70 do século XX. Uma emigração económica mas também política. Fugia-se da fome, fugia-se de uma guerra e de um regime político.
A mãe pousou o livro nas mãos do filho. (...) E não se esforçou por ouvir os passos da mãe a afastarem-se até serem apenas um resto de som. Só o instinto. (...) Onde estaria a sua mãe? Porque não o vinha buscar? (...)Quando chegasse, iria castigá-la (...) Nesta narrativa realista, as palavras atravessam-nos o peito. Realidades doridas pela partida forçada num mundo que parece inclinado, como diz o autor no livro.
Através desta obra literária conhecemos a vida dos portugueses num Portugal pobre, com miséria, que viviam em casas sem água canalizada, sem esgoto e outros bens. Era assim a vida de Josué ou da mãe de Ilídio num contraste com outras vidas ricas, como a da família da Dona Milú.
Acresce-se a falta de liberdade e a guerra colonial que obrigava os jovens a partir. Ouvimos as palavras de Cosme que partiu com Ilídio, A guerra, porra (...) Porque é que sou eu que tenho de ficar ali, esticado no caixão, a engolir a pátria à pazada? Ilídio, esse, partiu à procura de melhor vida e do seu amor - Adelaide que antes também tinha partido numa noite verdadeira. França era o destino.
Segundo o autor, este livro está dividido em duas partes. A primeira que "trata especificamente de uma história de emigração, dramática, muito realista, cheia de histórias e de episódios que dificilmente esqueceremos" e a segunda parte que "trata deste personagem, que tem um nome ainda mais estranho: Livro".
Estas e outras personagens que encontramos neste livro,fascinantes e muito elaboradas, são o nosso jeito de ser gente em Portugal.
Venha conhecê-las melhor.
Gostei de ler o livro que foi escolhido para esta seção. Apesar de não estar presente, soube que houve alguma controvérsia sobre o pai do Ilídio e a morte da velha Lubélia. Ilídio (na minha opinião) era filho do avô. A velha Lubélia, apesar de ser muito ruim, não deveria ter o fim que teve.
ResponderEliminarQuanto ao Ilídio também acho que era filho do avô. A mãe serviu-se do padre que era um "malandreco" para ficar como sendo ele o responsável. Quanto à Lubélia, a tal que tinha o caixão debaixo da cama, provavelmente mereceu aquele destino. Verdade seja dita, que me causou alguma claustrofobia, mas isso só prova que a cena estava bem escrita.
EliminarAinda bem Nicole que tens essa opinião sobre a Lubélia, só a D. Alice Carvalho e eu defendemos a velha. Era má como as cobras mas não merecia tal fim. Morrer só e toda nua sobre a cama à vista de todos já era castigo suficiente. Os nossos leitores são "muito cruéis".
ResponderEliminarCara leitora Rita, não me considero uma pessoa cruel, mas há personagens e/ou pessoas que merecem sofrer um pouco. Não te esqueças que a Lubélia enviou a rapariga, a Adelaide, para França sem a pobre saber para onde ia. Isso não se faz a ninguém
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EliminarCruel não, não te considero, mas achares que sofrer um pouco é ser enterrada viva, vai lá vai!
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