segunda-feira, 11 de maio de 2015

A viagem fez-se a salto para França através do "Livro" de José Luís Peixoto.

Os leitores ocuparam os seus lugares no comboio que seguia para França. Ouvimos vozes. Eram os outros viajantes que seguiam connosco (atrizes do GATAM da SRManjoeira). Estávamos nos anos 60/70 do século passado. Nessa altura partiram de Portugal cerca de um milhão e meio de pessoas, dos quais um milhão foi para França  à procura de uma vida melhor. Fugiam por razões económicas mas não só, também fugiam da Guerra Colonial, por a considerarem injusta.
Esta é a temática central do Livro de José Luis Peixoto que nos dá um retrato bastante realista daqueles anos. As palavras do escritor levam-nos efetivamente a ocupar o lugar numa das camionetas e/ou comboios que os levavam a “salto” ou, como se dizia naquele tempo com “passaporte de coelho”.
Esta obra literária estabelece também um paralelismo entre as condições de vida miseráveis vividas nas aldeias e vilas de Portugal, sobretudo as do interior,  e as condições de vida em França, como por exemplo, no Bidonville de Saint-Denis, um dos bairros de barracas para onde iam viver os portugueses.
Constitui também um retrato fiel da vida de muitos portugueses num Portugal subjugado pela ditadura salazarista.
Estes assuntos ocuparam o serão num debate rico, explorando os personagens também eles ricos e bastante elaborados, como Ilídio, Adelaide, Josué, Constantino e tantos outros que são bem representativos deste jeito de ser gente em Portugal.
Houve quase unanimidade em considerar o Livro como uma obra literária de grande valor, pese embora, a segunda parte do livro não tenha sido do agrado da maioria dos leitores que a consideraram quase dispensável no romance.









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